29 de março de 2017

Precisamos ler Chimamanda Ngozi Adichie

Nos últimos anos as discussões sobre gênero se intensificaram em diversas mídias, e em meio a várias vertentes do feminismo e seus defensores, que muitas vezes confundem e dividem opiniões internas, existe essa mulher incrível, chamada Chimamanda Ngozi Adichie que aborda esse assunto de forma simples e didática.



Não se enganem, hoje não estou aqui para falar sobre feminismo, e sim para apresentar uma das pessoas que mais admiro e que possui propriedade quando se trata deste assunto.
Ano passado tive o prazer em conhecer Sejamos Todos Feministas, que é a transcrição do discurso que Chimamanda fez para o TEDx Euston. Nessa obra, a autora compartilha sua primeira experiência com a palavra feminismo, e nos mostra através de sua perspectiva o que é ser uma mulher feminista.

Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhiadas Letras
Ano: 2015

Páginas: 64
Nota: 5/5

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os
homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.”

Infelizmente, o feminismo se tornou tópico de diversas discussões e conflitos – principalmente na internet. As pessoas mostram-se agressivas e debatem fervorosamente de forma hostil esse assunto que deveria ser simples.
Justamente por toda essa hostilidade gratuita, eu sempre me senti desconfortável e até inseguro em me posicionar sobre, porém, após o termino dessa leitura, Chimamanda me mostrou o quão importante é falar e como isso pode ser fácil.

"O problema da questão de gênero é que ela se prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero." 

Entre experiências pessoais, a autora mostra como é a situação social na Nigéria e a importância da prática feminista, principalmente na cultura enraizada que permeia a realidade das mulheres no seu país natal.
Nesse texto, ela compartilha de forma comovente, vivências que mostraram que mulheres que tentam se libertar são estigmatizadas e vistas com desprezo e afronta pela sociedade.

De uma forma acessível e descomplicada, Chimamanda faz várias críticas sociais, expondo exemplos cotidianos que ajudam a contextualizar a ideia que as pessoas têm sobre o feminismo, e a esclarecer o que ele realmente é.

"A meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: "Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar". Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar."

Apesar de ter amado Sejamos Todos Feministas, e recomendar para todos, o texto que me fez querer escrever sobre – inclusive voltar com as atividades do blog – foi o mais novo manifesto também escrito pela autora: Para Educar Crianças Feministas.
Eu preciso dizer que não conseguia parar de sorrir enquanto lia essa nova obra.

Autora: Chimamanda Ngozie Adichie
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 96
Nota: 5/5

"Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa”
Ao ser questionada por uma amiga a respeito de como se deve educar uma criança feminista, Chimamanda mostrando novamente uma faceta simples e inteligente do feminismo, escreve 15 sugestões em forma de carta para compartilhar sua perspectiva de igualdade na educação infantil."

Mais uma vez eu fiquei tremendamente feliz ao ver como essa autora aborda esse assunto de maneira tão respeitosa e carinhosa.
Aqui, ela encoraja a quebra de estereótipos de gênero que estão intricados na nossa cultura, e influenciam maneiras como homens e mulheres se portam desde a infância.

“'Porque você é menina’ nunca é razão para nada. Jamais.”

“Eu não tinha percebido ainda como a sociedade começa tão cedo a inventar a ideia do que deve ser um menino e do que deve ser uma menina. Eu gostaria que os brinquedos fossem divididos por tipo, não por gênero. ”

Mostrando o caminho a seguir, em vez de julgar, Chimamanda levanta pontos controversos, como as diferenças biológicas entre os homens e as mulheres e como muitas pessoas acabam equivocando-se ao usarem esse fator como desculpa para a desigualdade social.

“Então, ensine a Chizalum que a biologia é um assunto interessante e fascinante, mas que nunca a aceite como justificativa para qualquer norma social, pois são criadas por seres humanos, e não existe norma social que não possa ser alterada”.

Eu poderia destacar vários outros pontos que a autora levanta e mostrar diversos quotes superimportantes, mas prefiro encerrar por aqui, pois não quero atrapalhar a experiência de leitura de vocês.
Leituras super recomendadas!
Até mais,

Plínio Mendes

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