Nos últimos anos as discussões sobre gênero se
intensificaram em diversas mídias, e em meio a várias vertentes do
feminismo e seus defensores, que muitas vezes confundem e dividem opiniões
internas, existe essa mulher incrível, chamada Chimamanda Ngozi Adichie que
aborda esse assunto de forma simples e didática.
Não se enganem, hoje não estou aqui para falar sobre
feminismo, e sim para apresentar uma das pessoas que mais admiro e
que possui propriedade quando se trata deste assunto.
Ano passado tive o prazer em conhecer Sejamos Todos
Feministas, que é a transcrição do discurso que Chimamanda fez para o TEDx
Euston. Nessa obra, a autora compartilha sua
primeira experiência com a palavra feminismo, e nos mostra através de sua
perspectiva o que é ser uma mulher feminista.
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhiadas Letras
Ano: 2015
Páginas: 64
Nota: 5/5
“Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra
exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante
uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi
pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar
do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se
intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de
usar batom e salto alto para si mesma, e não para os
homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora
no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado
por Beyoncé.”
Infelizmente, o feminismo se tornou tópico de diversas
discussões e conflitos – principalmente na internet. As pessoas mostram-se agressivas
e debatem fervorosamente de forma hostil esse assunto que deveria ser simples.
Justamente por toda essa hostilidade gratuita, eu sempre me
senti desconfortável e até inseguro em me posicionar sobre, porém, após o
termino dessa leitura, Chimamanda me mostrou o quão importante é falar e como
isso pode ser fácil.
"O
problema da questão de gênero é que ela se prescreve como devemos ser em vez de
reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem
realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas de
gênero."
Entre experiências pessoais, a autora mostra
como é a situação social na Nigéria e a importância da prática feminista,
principalmente na cultura enraizada que permeia a realidade das mulheres no seu
país natal.
Nesse texto, ela
compartilha de forma comovente, vivências que mostraram que mulheres que tentam
se libertar são estigmatizadas e vistas com desprezo e afronta pela sociedade.
De uma forma
acessível e descomplicada, Chimamanda
faz
várias críticas sociais, expondo exemplos cotidianos que ajudam a
contextualizar a ideia que as pessoas têm sobre o feminismo, e a esclarecer o
que ele realmente é.
"A
meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: "Sim, existe um problema
de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar". Todos
nós, mulheres e homens, temos que melhorar."
Apesar de ter amado Sejamos Todos Feministas, e
recomendar para todos, o texto que me fez querer escrever sobre – inclusive
voltar com as atividades do blog – foi o mais novo manifesto também escrito
pela autora: Para Educar Crianças Feministas.
Eu preciso dizer que não conseguia parar de sorrir
enquanto lia essa nova obra.
Autora:
Chimamanda Ngozie Adichie
Editora:
Companhia das Letras
Ano:
2017
Páginas:
96
Nota:
5/5
"Após o enorme sucesso
de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da
igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos
dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora
a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças
feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação
igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de
tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido
igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua
experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer,
Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos
para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa”
Ao ser questionada por uma amiga a respeito de como
se deve educar uma criança feminista, Chimamanda mostrando novamente uma faceta
simples e inteligente do feminismo, escreve 15 sugestões em forma de carta para
compartilhar sua perspectiva de igualdade na educação infantil."
Mais uma vez eu fiquei tremendamente feliz ao ver
como essa autora aborda esse assunto de maneira tão respeitosa e carinhosa.
Aqui, ela encoraja a quebra de estereótipos de
gênero que estão intricados na nossa cultura, e influenciam maneiras como
homens e mulheres se portam desde a infância.
“'Porque
você é menina’ nunca é razão para nada. Jamais.”
“Eu
não tinha percebido ainda como a sociedade começa tão cedo a inventar a ideia
do que deve ser um menino e do que deve ser uma menina. Eu gostaria que os
brinquedos fossem divididos por tipo, não por gênero. ”
Mostrando o caminho a seguir, em vez de julgar,
Chimamanda levanta pontos controversos, como as diferenças biológicas entre os homens
e as mulheres e como muitas pessoas acabam equivocando-se ao usarem esse fator
como desculpa para a desigualdade social.
“Então,
ensine a Chizalum que a biologia é um assunto interessante e fascinante, mas
que nunca a aceite como justificativa para qualquer norma social, pois são
criadas por seres humanos, e não existe norma social que não possa ser
alterada”.
Eu poderia destacar vários outros pontos que a
autora levanta e mostrar diversos quotes superimportantes, mas prefiro encerrar
por aqui, pois não quero atrapalhar a experiência de leitura de vocês.
Leituras super recomendadas!
Até mais,
Plínio Mendes
Leituras super recomendadas!
Até mais,
Plínio Mendes
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